Contemplação

Escrito em 26 de Julho de 2010 por Gisele de Menezes

Compartilho com meus irmãos, um trabalho que meu instrutor de Yoga passou para ser vivenciado em um período de sessenta dias, vivendo em uma cidade como Porto Alegre. Ele sugeriu que exercitassemos nossa capacidade inteligente de contemplar.

Entendendo que seres inteligentes tem justamente esta faculdade para apreciarem a manifestação, gostei muito de ser solicitada para esta atividade de atenção.

Como vivo em uma grande cidade, o que já citei acima, inicialmente busquei algumas oportunidades para o exercício de contemplação. Uma delas foi a escolha de uma pausa em um dia comum e atribulado de afazeres, onde me coloquei em frente a uma flor.

Como descrever uma expressão do Espírito em beleza?

A flor se apresentou aos meus olhos em forma, Luz/cor, textura e cheiro. Percebi que não podia prová-la ou saboreá-la e nem escutá-la. Ao perceber o quê de mim estava ativo e o quê da flor estava à ser percebido, lembrei-me da grande ciência espiritual védica – o Samkhya.

Samkhya é o sistema de enumeração que descreve os princípios cósmicos primários.  Estas enumerações denominam-se tattvas e são em número de 24. Destes princípios, conectei, contemplando a flor, com alguns. Dos cinco grandes elementos, os pancha Maha bhutas, conectei com três e para percebê-los, contemplei outros. São eles:

Terra ou Prithivi pelo gnanendriya (órgão de percepção e conhecimento) nariz/olfato. Ar ou Vayu, pelo gnanendriya pele/tato. E ainda, o maha buttha Fogo, ou Agni, pelo gnanendriya olhos/Luz. Percebi que as manifestações vibram mais para um ou outro chakra. No caso do elemento Terra – muladhara, do Ar – anahata e do elemento Fogo – manipura. Depois de um certo tempo contemplando, entendi que tudo o que tivesse Luz, cheiro ou textura, me desencadearia ao estado contemplativo.

Esta foi a parte boa

Segui cumprindo meus afazeres ao longo dos dias que foram passando e confiei que meus sentidos de percepção, os gnanendriyas citados acima, me guiariam.

Em uma tarde no hospital, acompanhando meu filho que encontrava-se cheio de manchas na pele das mãos e pés, ao aguardar para ser atendida, um moço que também esperava por algo no ambiente hospitalar, chamou-me à atenção. Ele fumava um cigarro e a brasa do mesmo me capturou à contemplação.

Fiquei muito atenta, pois havia decretado anteriormente que, em momentos específicos, meus sentidos me avisariam e então passei a contemplar o que estava à minha volta. Pessoas sofridas, doentes, cansadas, desentendidas, temerosas, tristes e doloridas. Continuei contemplando e vi também, apesar de todas as dificuldades, pessoas trabalhando e querendo acreditar em dias melhores. Vi olhos brilhando, sorrisos, gentilezas e solidariedades. Ali fiquei muito agradecida por estar plena em minha Saúde e respirei profundamente.

Outro dia na inauguração de um espaço de Yoga, o verde da hortelã que foi colocada na Água transparente, também me chamou à contemplação. Ali vi pessoas que estavam muito felizes com uma escolha abençoada e próspera, e fiquei feliz por ter em comum com elas o aprendizado do Yoga. Sentada em um canto na intenção de contemplar, ativei também o gnanerdriya ouvido e percebi o som. Este se propagava pelo espaço ou Éter/Akasha e parecia envolver as pessoas.

Em outro momento, enquanto caminhava de volta para casa, vindo de uma massagem em uma manhã fria, quando o vento soprou gelado e senti este toque em minha pele, senti Amor ao entender que tudo passa assim como o vento.

A pele é o órgão que está ligado ao elemento Ar/Vayu, este elemento corresponde ao anahata chakra, o chakra do coração. Contemplei que quando nos percebemos como um corpo, envolto por um órgão como a pele, podemos nos sentir abraçados pelo Todo ao invés de separados Dele.

Entendi que o Todo do qual fazemos parte nos Ama. O Todo é Amor, e por isso nos percebemos, simplesmente para sentir.

Quando sentimos, sentimos para o Todo e criamos uma psicosfera de pensamentos/emoções. Ao criar à nossa volta essa psicosfera com nossos sentimentos, percepções e emoções, estamos criando nossa realidade, pois nos relacionamos integralmente com a realidade que criamos. Senti responsabilidade por cada pensamento e entendi o poder de escolha. Fiquei leve por já ter passado por muitos momentos e estar, naquele momento, assumindo a responsabilidade de Ser.

Contemplei que o que fica é exatamente o que contemplamos. Uma leve e desapegada sensação me preencheu, pois a contemplação é infinita, está ao nosso alcance, é uma escolha.

 

Agradeço ao Guru interior que dá a Luz para percebermos todos os Gurus à nossa volta.

Om Namaha!

Om Tat Sat!

Hari AUM!

Tags: Blog Calendário da Paz Emoções Filosofia Samkhya Gnanendriyas Guru Lua Harmônica Vermelha Pensamentos Percepções Psicosfera Tattvas

Comentários

Profundo… Contemplativo!

Gabriel Guichard
27 de Julho de 2010

Profundo, contemplativo. Presente aqui e agora.

Sandra
28 de Julho de 2010

😉 Eu neste momento da minha vida que preciso fazer escolhas, tenho saido para fotografar e na Ilha (Floripa) amo sair para fotografar o mar.
E isso me da a paz que preciso pra prosseguir e agora entendo que estou contemplando e me harmonizando sutilmente agradeço por todos estes esclarecimentos. namaste Gi.

Patty Floripa
20 de Agosto de 2010

é na contemplação que temos a sensação da Unidade, que tudo está integrado em nós… sábias palavras como sempre. Namastê! Lindo Painel 🙂

é na contemplação que temos a sensação da Unidade, que tudo está integrado em nós... sábias palavras como sempre. Namastê! Lindo Painel :)
15 de Dezembro de 2010

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