Menopausa – a Transformação Real

Escrito em 12 de Novembro de 2017 por Gisele de Menezes

A vida pode ser vista como a dança espiral que vem do centro, expandindo e contraindo infinitamente e, do mais intrínseco escuro no fértil interior, essa transformação rodopiante a explodir em ciclos de luz, culminando na Transformação Real!

Toda a transformação acontece de forma Natural e alinhada com a inteligência criadora, mantenedora e destruidora – é respectivamente Brahma, Vishnu e Shiva. É Sattva, Rajas e Tamas. É positivo, neutro e negativo e assim por diante.

Somos alguém sentado na beira do rio da vida que flui do sempre agora, levando o que já não precisamos para o lago do passado e trazendo da fonte do futuro, o alimento para o presente momento.

Como em um ovo, quando a casca se rompe com a força que vem de dentro (futuro), a vida acontece para seguir seu ciclo até a morte e posterior renascimento; por outro lado, se a força no ovo vier de fora (passado), o ovo se quebrará e a vida potencial morrerá precocemente, adormecendo temporariamente.

Assim, do sutil para o grosseiro e do grosseiro para o sutil, como em uma espiral de duas vias, na menopausa feminina, a Transformação Real acontece.

Giros de espirais dentro de espirais e mais um ciclo se inicia acontecendo de dentro para fora. Da mesma forma como acontece com o ovo, se nesse momento de transformação real, imprimirmos força de fora para dentro, interrompemos a explosão da flor perfumada que encantará a vida nesse novo ciclo!

Acompanhe a dança!

Quando mocinhas, crianças, meninas saltitantes, ainda não temos uma mente formada. Abertas, tudo o que se apresenta a cada momento, é vida acontecendo.

Novas sensações, emoções, impressões, pensamentos, conclusões e nesta dança incessante vamos aceitando. Ora aceitamos o real e ora aceitamos como real – o irreal. Ainda não sabemos falar do que sentimos, simplesmente sentimos e naturalmente aceitamos.

Percebemos as explosões que estão acontecendo dentro e vamos registrando, porém lá fora, logo após a nossa pele, uma imensidão de explosões visíveis, audíveis, olfativas, gustativas e táteis, aos nossos curiosos sentidos, também estão acontecendo e, distraídas e encantadas com o novo, seguimos registrando e formando nossos filtros para a vida.

Somos formadas pelos cinco elementos sutis na seguinte dança: Somos Terra que contém nela a Água, o Fogo, o Ar e o Espaço. Assim é pois, no Espaço infinito e adormecido aonde tudo é Som, uma pequena porção se desdobrou em Movimento e o Ar soprou. A dança do Ar aqueceu as partículas da vida e o Fogo se precipitou em calor, Luz e cor, logo a vida se condensou em vapor e umidade e a Água escorreu deliciosamente até cristalizar-se em solidez.

Assim a Mãe Terra se aprontou para seguir sua dança de explosões de formas infinitas como o Chão sagrado que acolhe a experiência da fusão biológica, bioenergética e espiritual. Cada formação contempla sua textura, seu cheiro, seu sabor, sua cor, seu som e é dotada de um complexo sistema de conhecimento e ação.

Tudo está em movimento!

O ser feminino, a menina que se transforma em mulher, tem igual aos outros seres, o necessário para crescer, reproduzir, usufruir, envelhecer e morrer. Entretanto na mulher, além da mente intuitiva, um sistema reprodutivo e um sistema nutridor são sistemas a mais em relação aos seres masculinos.

Essa diferença fornecida pela vida inteligente, se vivida de forma saudável e naturalmente inteligente, proporciona a melhor e maior oportunidade consciente de evolução.

Quando na menopausa, a transformação real acontece, as explosões continuam acontecendo, assim como o cabelo que cai dando lugar a outros fios, a vida está em movimento lá dentro. Entretanto neste momento, diferente dos primeiros anos quando estávamos na aceitação, estamos no julgamento.

Como não desenvolvemos o hábito de meditar para testemunhar a vida como ela é e assim educar a mente voraz a seguir atenta e curiosa sem repousar nos filtros e conceitos que criou, estamos entediadas com a quantidade de “achismos” e “certezas”.

Não estamos mais curiosas com a vida!

Passamos a acreditar no que nos venderam ao longo da vida e há bastante tempo, ou seja, estamos dando importância ao passado e acreditamos que estamos envelhecendo. Essa crença que enriquece um sistema de artifícios, drena nossa sagrada energia celestial que agora está fazendo o caminho invertido, ou seja está subindo.

É claro que esse é o propósito inteligente da evolução. Sim, estamos mais maduras e este é nosso melhor momento. Não somos mais servas, porém nesse novo ciclo somos a realeza. O Fogo que antes circulava transformando tudo dentro de nós e se esvaía a cada mês para nutrir a Terra, agora sobe, aquece o Ar e temos a oportunidade de nos elevarmos.

A ação agora é o brilho da consciência.

Se ao longo da caminhada nos distanciamos do velho galinheiro que marcava o tempo de dormir, de acordar, de produzir o ovo, de chocar, de gritar, de ciscar, de cuidar dos pintinhos, de parar de colocar ovos e assim por diante, talvez estejamos estranhando o movimento natural.

Longe da vida simples do campo e imersas na vida colorida e iluminada artificialmente, somos incentivadas a nos mantermos com aparência e comportamento de meninas imaturas movidas por hormônios que já não produzimos e vontades que realmente já não temos.

Iludidas não percebemos a delícia de não mais estarmos sob pequenas e regulares transformações lunares. Somos agora a própria Lua Inteira, temos nosso lado luminoso e nosso lado escuro integrados em um corpo maduro. Não somos mais uma visão no céu que se transforma a cada pequeno ciclo, somos o próprio ciclo completo.

Não estamos mais a serviço da vida pois, Agora a vida nos serve!

E neste momento da dança da Transformação Real, como agir para não imprimirmos a desgastante força de fora?

Para permitirmos que a força siga vindo de dentro, pois esta é a força da vida, temos que nos escutar. Este é um momento de ouro, pois somos escuta, somos o Tempo completo e somos equilíbrio. O movimento Agora é retornar à aceitação da criança com a cabeça da mulher madura. O movimento é sutil, é observação, é delicadeza. Qualquer movimento que não seja delicado e compassivo, vai gerar pressão, calor e ressecamento.

Ao sentirmos o Fogo subir, ficamos bem quietas, não nos abanamos pois, isso aumentaria o Fogo que agora quer iluminar nosso discernimento. Respiramos bem suave, fazemos movimento nenhum e esperamos paciente e docemente o Fogo subir e o calor passar. Sabemos que é somente uma onda. Não buscamos nada artificial para não deprimir nosso sistema imune que Agora está em transformação para um sistema mais delicado, como uma borboleta azul cor de céu.

Tomamos mais chá de hortelã, de amoras, comemos comidas fáceis de digerir, damos preferência a cores suaves, aromas doces, texturas macias como sedas, banhos de imersão e de assento com flores como gerânio, palma rosa, rosas.

Preparamos geleia de rosas vermelhas, orgânicas, não consumimos mais refinados, industrializados e congelados. Aquecemos e cozinhamos nosso alimento da forma mais natural possível. Não usamos aceleradores de moléculas como micro ondas, não tomamos água gelada e não mais comemos tarde da noite.

Preferimos sucos de frutas doces e usamos gorduras de boa qualidade em nossa pele e em nosso alimento. Caminhamos ao invés de correr, sorrimos ao ver a vida como ela é ao invés de tentar muda-la e definitivamente olhamos para a estrada Azul do Espírito. Afinal estivemos caminhando na Boa Estrada Vermelha por árduos e desgastantes momentos e Agora vamos lembrar com orgulho do tanto que já fizemos até aqui e usufruir das flores do caminho.

Já semeamos e nutrimos tanto que nosso útero ficou Azul. Somos a realeza!

 Om Nama Shivaya!

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Comentários

Lindo texto. Expressa com clareza os vários momentos que passamos nesta vida. Namastê!

Maria Jacque
13 de Novembro de 2017

Que lindo texto! Quanta sensibilidade e poesia. Cheguei às lágrimas!
Gratidão eterna! Você é uma pessoa maravilhosa.
Muito feliz por conhecê-lá. Seu texto oportunizou conhecer-te. Estou muito feliz!
Gratidão! Namaste!

Cláudia Paniago Vilela Rocha Cicci
8 de Abril de 2018

Maravilhoso!!!
Percepção e grande sensibilidade que chega como sabedoria.
Melhor abordagem para esta fase da vida, não só das mulheres, homens podem também aproveitar as orientações.
Estou compartilhando para meus pacientes, pois tudo converge com minha forma de conduzir este período tão rico de nossas vidas.
Parabéns!
Namastê!

Alba Regina Machado Vieira
22 de Abril de 2018

Que poético Gi, muito delicado esse momento, e nos entregarmos a doce dança deste momento, é maravilhoso, as vezes um pouco solitário. Mas acredito que ate isso faz parte. Obrigada.

Lisa Chaves
14 de Maio de 2018

tão bom ler tuas palavras carinhosas. gratidão,
querida. um abraço
Marion

Marion pegoraro
14 de Maio de 2018

Muito construtivo e esclarecedor , o importante é , realmente , aceitar com delicadeza e paciência os momentos de impetuosidade, deixar passar serenamente o fogo que sobe e com sabedoria , seguir as intuições da verdadeira maturidade e abraçar com mais carinho as companheiras da vida , adorei

Luciana
22 de Julho de 2018

Belíssimo texto, descreveu exatamente o que eu estou vivenciando agora aos 50 anos… Mesmo sendo praticante de yoga e estudante de Ayurveda desde os 30 anos, fiquei surpresa com as transformações que estou passando, mas feliz e grata pelos processos, sigo confiante e consciente da impermanência que é esta vida. Gratidão imensa pelas palavras tão lúcidas

Maristela Lupe
14 de Fevereiro de 2019

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