Depoimento de um Médico Vegetariano

Escrito em 19 de Janeiro de 2009 por Gisele de Menezes

Dr. Eduardo Lima é médico (clínico geral), formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora há 32 anos. Escreveu esse contundente depoimento pessoal quando parou de comer carne, em julho de 2007. Quando solicitado a dar uma entrevista sobre o vegetarianismo e sobre como se tornou um vegetariano, fez questão de que constasse esse “documento” já elaborado. Desde então, mantém-se firme como vegetariano.

Estou com 55 anos. Tenho artrite, pressão alta, cansaço, dor muscular e articular, gota, má digestão, dor de cabeça e irritabilidade. Não bastasse ser médico e conviver com dezenas destas queixas, me vi também envolvido por elas. É a idade, penso eu. Passou dos cinqüenta, ninguém agüenta! E assim, como todo cidadão que vai para o trabalho, tomava o ônibus bairro-centro e voltava centro-bairro. Sabem onde moro? No centro. São dois pontos e pronto, cheguei! Mas cadê a coragem, perna, fôlego, disposição para andar oito quadras (mais ou menos 1 Km)?
Mas 55 anos, 1,85 m, 97 kg e dor pra todo lado, vamos de ônibus mesmo. E aos meus clientes recomendando não comer açúcar, carne vermelha apenas nos churrascos, peixe e frango à vontade, evitar o que dá debaixo da terra, cuidado com massas, façam exercício, etc. Como? Se eu, nunca, em dia algum de minha existência, deixei de comer carne. E aí, entenda-se, hambúrguer, salsicha, bacon, lingüiça, caldos concentrados (galinha, bacon, carne, camarão), agora o bacalhau, que recentemente descobri, filés, picanhas, chouriço argentino, rabada, buchada, chouriço da roça (cheio de redanha), torresmos, figuinho, simbiquira, língua, peixes diversos, einsbein (prato que me especializei), miolo (que aprendi a limpar e preparar congelado), assim como a traíra sem espinho.
Médico, cozinheiro e glutão! Sem nenhuma restrição, almoçava no restaurante vegetariano e comia em seguida três espetinhos (vaca, porco e coração), além de pedir um misto pra mim.
55 anos, com uma mãe que cozinhava maravilhosamente e com um pai que chegou aos 120 quilos. Ele apreciava do bom e do melhor no seu prato cheio. Fui criado “saudável” e feliz, com mesa farta. Sustentar a família, para eles, era comer, comer, comer! Carnes, carnes, carnes!
Algumas vezes, sendo médico e com reputação a defender, quando me aproximava dos perigosos 100 quilos, entrava no regime. Qual? Dieta revolucionária do Dr. Atkins, à base de carne, queijo e ovos. É gordura queimando gordura. Perdia 10 quilos em trinta dias e ganhava 4 em sete dias.. Mas podia comer o que mais gostava, ou seja, carne, queijo, ovos, bacon, torresmos, lingüiças, chouriço…
De repente, após receitar os mais modernos fármacos para reduzir colesterol, triglicérides, ácido úrico, proteger o fígado da esteatose (degeneração gordurosa), que custam até dez reais ao dia e depois de tentar me livrar do vício do fumo (com o qual luto desde o primeiro maço de cigarros, aos 19 anos), parei de fumar e fiz jejum. Jejum?! Só água no primeiro dia, no outro dia só fruta, no outro, água, fruta, verdura; no quarto dia… tchan, tchan, tchan! Eu era outro homem.
Sem dor nos pés, alegre, feliz, esperançoso. 55 anos, estou na metade de minha existência! Tudo o que fiz, vou fazer melhor, pois já aprendi o caminho das pedras. Eureca! O que aconteceu comigo? Mudou minha cabeça? Parar de fumar (a centésima vez) me ajudou, ou não comer carne os primeiros quatro dias de minha vida me fizeram este bem?
Foi em 18 de julho e jamais me esquecerei. Tudo o que aprendi como médico e carnívoro ruíram nestes quatro dias. Mente sã, corpo são! Pude compreender que não comer carne faz bem e hoje, quase quatro meses depois, posso afirmar o bem que me fez não comer mais carne. Esta é a melhor receita que posso passar a todos os meus pacientes. Romper uma cultura, 10 quilos mais magro, mais ativo, mais saudável, mais alegre e absolutamente sem nenhuma dor, enfrento, em 100% das pessoas para as quais digo que parei de comer carne, o estigma do nem frango, nem peixe? Por que?
Se eu, 55 anos, médico, jamais pensei em ficar um dia sequer sem comer boi ou vaca, porco, javali, frango, galinha, capivara, rã, coelho, paca, tatu, cotia, tartaruga, peixes, crustáceos (camarão, lula, polvo, sururu, lagostas) e enganado, cães, cavalos, jegues, gatos, e tudo o mais que a cultura humana o permitia. E que prazer! Que sabor! Sal, alho, cebola, pimenta, louro, canela, cominho, açafrão, salsa, cravo, alecrim…
Cachaça, Saquê, conhaque! Todos os temperos para dar gosto às “maravilhosas” carnes. Fruto colhido da morte, de um cessar de vida, qualquer vida que um cutelo, um tiro, uma faca, um porrete, um chucho ou um anzol e uma rede, seguidos da asfixia, nos permitiram descamar, despelar ou descourar e com o nosso poder sobre o fogo, transformar em “iguarias fantásticas”, com gosto de sal, alho, cebola, pimenta, louro, canela, cominho, açafrão, salsa, cravo, alecrim, cachaça, saquê, conhaque, vinho, vinagre. Por que?
Se eu, aos 55 anos tive a oportunidade de reconhecer que, em todos estes anos, não me alimentei e sim, me intoxiquei, sou obrigado, pelas oportunidades a mim permitidas e por ser um médico, de recomendar a todos os meus pacientes que deixem de comer carne. Todo o prazer e benefícios da alimentação saudável podem ocorrer com qualquer alimento coletado da natureza, temperados com sal, alho, cebola, pimenta e etc. Os sabores se multiplicam, os prazeres só aumentam, a culpa desaparece, a saúde é que agradece.

Mas como médico que sou,
após este aprendizado
procurarei ,por todos os meios,
lhes deixar o legado.
Como um náufrago na ilha
em uma garrafa,
uma mensagem enviaria
para alguém, que a recolheria.

Sois o que vós comeis!
Se da natureza, colhes os frutos,
felizes e alegres sereis.
Se da morte se alimentares,
sorte igual então tereis”

Um médico de 55 anos, 31 de profissão, que teve como experiência tornar-se outro homem, ao parar de comer carne, inclusive frango e peixe.
Eduardo Lima em 29/10/2007

Para firmar a veracidade deste depoimento, pesquise pelo CRM 9310 no site do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais.

Site fonte da entrevista.

Tags: Alimentação Blog Natureza Saúde Vegetarianismo

Comentários

Acho que o que mais muda mesmo é poder comer sem culpa, comer um alimento que não sofreu, que não teve uma vida aleijada e limitadíssima.
“Se os abatedouros fossem de vidro pelo menos metade das pessoas deixariam de comer carne…” 😉

Gustavo
21 de Janeiro de 2009

Força sempre Gustavo!

Que a Luz brilhe em seu caminho!

AUM!

Gisele de Menezes
22 de Abril de 2009

Muito interessante,vou postar em um dos meus 100 e poucos blogs que tenho sobre naturalismo terapeutica e medicina abraços…… 🙂

edson nemoto
5 de Fevereiro de 2011

Que depoimento Legal,faz quase dois anos que eu ,meu esposo e os meus três filhos não comemos carne nem seus derivados, hoje nos alimentamos muito melhor uma alimentação bem colorida,uma consciência bem mais tranquila com muito mais respeito conosco e com os animais,muitas dores desapareceram, hoje somos muito mais felizes,a decisão final foi após ver o site nina rosa,boa sorte a quem tomar esta decisão,
certamente é a mais sábia.

Rosimeire
21 de Julho de 2012

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