Insônia?

Escrito em 09/07/2021 por Gisele de Menezes

Percebi que estava desperta, eram 3:20 da manhã. Minha mente, tão sutil, tão leve e rápida, estava em movimento. Madrugada fria, inverno, Sul do Brasil e dias de geadas fortes nestas bandas de cá. Entretanto, abrir os olhos e observar o silêncio em volta, observar o corpo quente, amontoado e inerte, não foi tão ruim. Foi bom!

Quantos dias ainda terei para acordar neste corpo que conheço, nessa vida que conheço e para seguir com o que entendo ser a ideia ou epopeia conhecida que me traduz como indivíduo e também com meus projetos de fazer ainda algo mais?

E se amanhã, ao acordar, eu não sentir meu corpo quente, amontoado na cama e ao espreguiçar o que entendo ser meu corpo, for arremessada a uma outra dimensão, provavelmente sem o denso elemento Terra? Se este elemento já estiver retornando à Terra, entregue ao que sempre foi, parte sólida da dimensão na qual desenvolvi todas as minhas percepções, teorias, crenças, relações e para a qual dei toda a minha atenção e energia e na qual acumulei tudo o que podia e me fazia sentir segura?

Vivi em uma ilusão?

Estive sonhando acordada? Que lugar é este de onde percebo isso e do qual não consigo mais me deslocar e voltar a ocupar meu corpo? Meu corpo nem meu é! Perdi a oportunidade de usá-lo com sabedoria! Mas sabedoria para que, se ao perdê-lo, estarei no mesmo lugar, fora dele, ou dela? Que diferença fará para minha percepção nova, sem corpo?

Quero voltar, sim, vou voltar, é só isso que sei fazer. Dar voltas! Ser um corpo, ter um nome, acumular experiências, bens materiais… Vou voltar. Bem, o único jeito sei, é nascendo novamente. Terei outro corpo?! Quais as garantias que tenho? Certamente nenhuma. Certamente isso não importa mais. Agora é olhar para cima, afinal lá embaixo, onde tem peso, densidade, já não consigo estar sem começar tudo de novo!

E se eu aparecer criança lá embaixo?

Vou me esquecer de tudo. Tudo o que? Quer saber, se der para nascer de novo só quero ser criança, só quero brincar, provar, gostar, não gostar, dormir, rir, chorar, correr, fugir, reclamar, aprender… Oh, aprender tudo novamente. Bem, vou me focar por aqui em me desenvolver para garantir uma caminhada mais consciente.

E com todas essas coisas passando em minha cabeça, decidi levantar, já eram umas 4:30 da manhã. Fiz minhas limpezas, me aqueci e sentei determinada a ter uma boa meditação. Afinal, o que está por trás de tudo isso, por trás da pessoa viva, da pessoa que experimenta, da pessoa que nasce, da pessoa que sabe, da pessoa iludida, da pessoa que observa, da pessoa que pensa, escreve, cria, acumula, procria, acumula mais, trabalha, envelhece, não envelhece e morre?

Por trás está a única Verdade que pode ser conhecida aqui e agora, está para todos, está e é o único meio para todos os mundos e estágios que conheço – A Respiração.

E respirei e não perdi de vista o Ar entrando e saindo…

Tags: Blog Ilusão insônia Meditação Morte Respiração

Comentários

Maravilhosa reflexão neste texto “insônia” , como tudo que fazes de forma leve, mas muito profundo, te fazendo refletir sobre a vida e morte, sobre o primeiro sopro ao nascimento ao ultimo suspiro.

Jucenir C Pereira
12/07/2021

Bom dia Gisele !
Muito interessante o seu texto. Esse tipo de pensamento realmente faz parte de mim. Vejo a todo instante que muito tenho a aprender. Apesar de estar um pouco mais experiente a cada momento, ao mesmo tempo noto que por adquirir essa experiência a montanha de coisas a mais que preciso aprender é gigantesca. Vou continuando e sempre aprendendo com felicidade.
Boa semana!

Leco Leme
12/07/2021

Num dia como hoje, te ler fez muita diferença no meu coração/alma, até meu corpo físico ficou leve.
Gratidão imensa por ter a oportunidade de te ler, aqui, no livro ou nas frases peroladas que solta ali, lá e acolá nas redes sociais. Bom demais, obrigada. Bjo

Carla
12/07/2021

Vou ler mais algumas vezes, rs…

Carla
12/07/2021

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